sábado, 17 de abril de 2010

Pôr-do-sol


Parque das Nações Indígenas / Campo Grande -MS
Fotografia de: Camila Hundertmarck



Em louvor à mão-de-obra barata: empregos ruins com salários baixos são melhores que a falta de emprego


Como também é a realidade de muitas famílias brasileiras, em Manila (capital das Filipinas), muitas pessoas, dentre elas crianças, faziam do Lixão da cidade o seu local de trabalho, obrigando-se a conviver com o detritos tóxicos, com animais transmissores de doenças graves à saúde e tudo isso para que no final do dia todo o trabalho árduo resultasse em 10 dólares.

No contexto social em que viviam, a mixaria que ganhavam durante um dia de trabalho intenso era muito melhor que nada.

Embora os salários e condições de trabalho sejam vergonhosos, a situação atual já não é pior do que foi no passado. Isso não significa que seja fácil encontrar um bom trabalho com salário razoável, até porque se víssemos desse modo, seríamos taxados pelos opositores da globalização como ingênuos.

O que deve ser levado em consideração é que a situação global de pobreza não é algo recente, ou seja, há duas décadas atrás quando alguns países asiáticos estimulavam o crescimento econômico, outros, como Bangladesh, continuavam com sua atividade rotineira de exportação de matéria-prima e importação de produtos industrializados.

Os poucos setores manufatureiros existentes, geravam poucos empregos, por isso a única alternativa para os camponeses era sair à procura de qualquer forma de sobrevivência e isso inclui morar em uma montanha de lixo. Com essa situação, era possível contratar mão-de-obra a preço de nada em cidades como Manila. Porém isso não foi o suficiente para que os países em desenvolvimento competissem nos mercados mundiais. Tudo isso até as desvantagens da produção nesses países diminuírem e começarem a dar espaço para que eles ingressassem no mercado mundial. Quem anteriormente vivia da venda de juta, por exemplo, passou a produzir camiseta, tênis, porém continuava a receber salários baixíssimos, por esse motivo era possível medir as melhorias no padrão de vida das pessoas.

O crescimento industrial refletiu efeitos em toda a economia, os salários no meio rural e urbano aumentaram, tanto que as pessoas não se mostravam mais ansiosas por viver em vazadouros de lixo. Mas ao mesmo os benefícios são tão pequenos que ainda existem países muito pobres, como exemplo da Indonésia, um país que mede o progresso através de quanto ganha em média para a alimentação e que ainda possui um terço de suas crianças subnutridas. Em 1975 a proporção era superior à metade.

Ao contrário do que pensamos, a ajuda não veio de pessoas de bom coração e sim é resultado da ação das multinacionais e dos ambiciosos empresários locais cujo único interesse era tirar proveito das oportunidades de lucro oferecidas pela mão-de-obra barata. Qual é o resultado de tudo isso? A transferência de centenas de milhões de pessoas da mais absurda pobreza para uma situação não tão boa, mas significativamente melhor.


Camila Hundertmarck

O que mudou com a pós-modernidade


A Pós-modernidade é um novo modelo de vida onde tudo vai se modificando de uma maneira ou de outra. Tudo que existia há 50 anos atrás, ganhou nova roupagem ou foi substituído por tecnologias lançadas a partir da Revolução Industrial.

Juntamente com essa aceleração avassaladora nas tecnologias da comunicação, das artes, de matérias, de genética, ocorrem mudanças grandiosas na forma de pensar da sociedade. Fátima Weber, 45 anos, dona de casa, diz que a estrutura de educação passada pelos pais aos seus filhos hoje fez com que as relações familiares também mudassem com o passar do tempo. “Quando eu era criança, sempre pedia a benção para meu pai e minha mãe antes de dormir. Além disso, sempre que minhas irmãs eram liberadas para ir à alguma festinha de aniversário, deviam estar em casa antes das 21h. Hoje em dia, os filhos saem e, muitas vezes até nem voltam pra casa no mesmo dia. As normas e limites impostos pelos pais hoje, não são respeitadas”, conta.

Ao contrário da mudança sofrida pelas relações familiares nos dias de hoje, pode-se dizer que a moda não sentiu tanta diferença. Para a vendedora Alice Lopes, 58 anos, a moda é uma das únicas coisas que nunca pode ser mudada totalmente. “Muitas das roupas que eu usava quando era adolescente voltaram e viraram moda novamente. Minha filha criticava as calças pantalonas, e hoje só usa calças desse modelo”, diz ela.

Mas além da moda e relações familiares, o setor que mais vêm se transformando com o passar do tempo, como já disse anteriormente, é o da tecnologia. Um aparelho de celular, que há 50 anos atrás nem se imaginava que iria existir, hoje, filma, tira fotos, acessa à Internet e até mesmo proporciona assistir televisão quando e quisermos. “Na verdade, o verdadeiro propósito da criação do telefone móvel que era proporcionar comunicação entre as pessoas sem necessidade de um local fixo, foi deixado de lado. A maioria da pessoas que possuem celular hoje em dia, o utilizam para outros fins”, afirma o aposentado Elói Zorzeto, 67 anos.

Caracterizado pelas mudanças nas formas de pensar e agir, a pós-modernidade cria novas expectativas sobre o que virá depois.


Camila Hundertmarck Pompéo Wiethan